Não se pode confundir “dívida” com “obrigação” ou “responsabilidade”.
Para converter a “obrigação” ou “responsabilidade” em dívida, tem de haver um acto autónomo que a quantifica, tecnicamente designado como “liquidação”.
A “liquidação” transforma, pois, a “obrigação” ou “responsabilidade” em “dívida”.
E, normalmente, fixa-lhe o “vencimento”, tornando o seu cumprimento exigível.
A título de exemplo: enquanto eu almoço, tenho a “obrigação” e “responsabilidade” de satisfazer a despesa respetiva, embora ela só se torna “dívida” quando se procede à sua liquidação, ou seja, à quantificação pecuniária das diversas componentes (pão, sopa, bebida, …) e quando me é apresentada, pelo que, nesse momento e desde que não conteste com fundamento, fico em “dívida”, devendo proceder ao pagamento, sob pena de me constituir em mora.
De notar que o ato de liquidação carece de aceitação ou consenso. Isto é, quem usufrui e tem a responsabilidade de pagar, pode reclamar, deduzir oposição ou impugnar judicialmente a liquidação e os seus pressupostos, nos termos gerais de direito, prestando ou sendo dispensado de prestar caução no prazo respetivo.
São muitas as situações em que credores, designadamente instituições públicas, porque administrativamente determinam nomeadamente juros de mora sem os comunicar, confundem “responsabilidade” com “dívida”, causando danos muito graves a contribuintes, simplesmente porque os seus responsáveis esquecem que para ser uma dívida, uma responsabilidade carece de liquidação.
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